quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Presbiterianismo



Escrito por Pr. Daniel Carneiro

Introdução

O que significa ser presbiteriano? Ser presbiteriano, não significa apenas estar arrolado como membro de uma Igreja Presbiteriana. Não! É muito mais que isso. Vejamos.

I - Ser Presbiteriano é Conhecer a História do Presbiterianismo

O Presbiterianismo é fruto da Reforma Protestante do século XVI e, teve como seu principal mentor, um francês chamado João Calvino. Calvino foi o reformador que mais se distanciou do Romanismo no retorno à Bíblia. Sua doutrina característica é a da Soberania de Deus segundo a qual Ele está acima de tudo. João Calvino fez de Genebra, na Suíça, o principal centro do mundo protestante.
A influência de Calvino não se limitou tão-somente à Suíça; Ela se fez sentir fortemente na Holanda, Inglaterra, Escócia, França e até mesmo na Alemanha, e mais tarde, se estendeu à América. Sendo que na Inglaterra e na Escócia a igreja influenciada por Calvino tomou o nome de PRESBITERIANISMO, enquanto que nos outros países ela era conhecida como igreja reformada. Não foi sem lutas, mas foi à custa de muitos sacrifícios até de inúmeras vidas preciosas, que o presbiterianismo conseguiu implantar-se nos países mencionados acima. Por exemplo, na Holanda, o duque de Alba, a mandado de Felipe II, rei da Espanha, apelidado de O DEMÔNIO DO MEIO-DIA, matou dezenas de milhares de vidas.  Na França ocorreu o MASSACRE DE SÃO BARTOLOMEU, no dia 24 de agosto de 1572, e foi ordenado pelos católicos, em que perderam a vida cerca de CEM MIL HUGUENOTES (Presbiterianos da França). Houve três tentativas para que o Presbiterianismo viesse para o Brasil. Só na terceira tentativa houve sucesso. Vejamos:
A primeira tentativa foi levada a Efeito pelos franceses em 1555, o que não deu certo, pois, um tal Nicolau Villegaignon fingindo-se calvinista convidou os protestantes para o Brasil, porém, ele mesmo se encarregou de dar fim aos missionários, infligindo o martírio a três deles, estrangulando-os e atirando os seus corpos ainda semi-vivos  nas águas da baía de Guanabara (Rio de Janeiro). Por esta atitude, Villegaignon foi apelidado de o CAIM DA AMÉRICA. Um crente piedoso chamado Jacques Lê Baleur (João Bolés), fugiu, mas foi preso em São Vicente (São Paulo) e por ordem de Mem de Sá, foi enforcado, tendo sido o seu carrasco o “piedoso” padre José de Anchieta.
A Segunda tentativa foi feita pelos holandeses durante o seu domínio no Brasil, entre 1624 e 1654. Os calvinistas holandeses fizeram um intenso e amplo trabalho de evangelização em Pernambuco e capitanias vizinhas, tendo fundado grande número de igrejas e escolas. Estes também fracassaram em introduzir o presbiterianismo no Brasil, pois, foram expulsos na famosa “batalha dos Guararapes”, em Pernambuco. Felizmente, no século XIX, mais precisamente em 12 de agosto de 1859, o Presbiterianismo se implantou definitivamente no Brasil, tendo sido o Rev. Ashbel Green Simonton o seu primeiro missionário. A Igreja Presbiteriana está em solo brasileiro há mais de 150 anos.

II - Ser Presbiteriano é Conhecer o Governo da Igreja Presbiteriana

Presbiterianismo é uma FORMA de governo eclesiástico. Esta é a forma de governo através dos Presbíteros. São os Presbíteros quem nos dirigem e governam e, isto está de acordo com a Escritura ( At 15.1,2,22,23; 16.4; 20.17,28).
Deus estabeleceu uma PLURALIDADE DE PRESBÍTEROS em sua Igreja para dirigir seu povo. Esta é a forma bíblica do governo de igreja. O que faz um Presbítero na igreja? Ele é só membro do Conselho. Não. É mais do que isso. O Presbítero É UM PASTOR que auxilia O pastor no seu ministério. Em Atos 20.28 é dito que é função do Presbítero PASTOREAR A IGREJA DE DEUS. Em 1Pedro 5.2, o apóstolo escrevendo aos Presbíteros diz: “PASTOREAI O REBANHO DE DEUS”. Por conta disso, o ofício de Presbítero não pode ser dado a qualquer um. Apenas homens chamados por Deus e devidamente qualificados podem ser Presbíteros (1 Tm 3.1-8). Irmãos Presbíteros, VOCÊS SÃO PASTORES, portanto, cuidem do rebanho de Deus juntamente com o ministro da palavra. Igreja do Senhor AME os Presbíteros do Senhor que há entre vocês.
O governo da Igreja Presbiteriana é constituído de CONCÍLIOS e todos eles são formados por Presbíteros-docentes (pastores) e regentes (administradores).
1- Conselho

O Conselho de uma Igreja se compõe do Pastor e dos Presbíteros regentes dessa igreja.
2- Presbitério
O Presbitério tem a jurisdição de  certo número de igrejas e se compõe dos Pastores e de um Presbítero de cada igreja de sua jurisdição.
3- Sínodo
O Sínodo tem a jurisdição de diversos Presbitérios (três no mínimo) e se compõe dos Pastores e Presbíteros eleitos pelos Presbitérios.
4- Supremo Concílio
O Supremo Concílio tem a jurisdição de todas as igrejas e se compõe dos Pastores e Presbíteros eleitos pelos Presbitérios.
Num caso de processo, um crente tem o direito de apelar da sentença de um concílio inferior para outro superior. Na hipótese de ele julgar ter sido disciplinado injustamente por um Conselho, poderá apelar para o Presbitério, e deste, se for preciso, para o Sínodo, e, ainda deste, para o Supremo Concílio. Este dará a sentença final.
O EXERCÍCIO do presbiterato e do diaconato ficou sendo TEMPORÁRIO embora permaneça VITALÍCIO O OFÍCIO; o Pastor também não será eleito para servir uma igreja por mais de cinco anos, podendo ser reeleito.
Atos 15.1,2, 22,23 é um bom exemplo de um CONCÍLIO MAIOR a quem recorrer em uma determinada situação.

III- Ser Presbiteriano é Conhecer os Símbolos de Fé do Presbiterianismo

Quais são os Símbolos de Fé do Presbiterianismo? Os Símbolos de Fé do Presbiterianismo são a Confissão de Fé e os Catecismos Maior e Breve de Westminster. Faremos um breve relato histórico dos Símbolos de Fé, para nossa melhor compreensão dos mesmos. Desde julho de 1643 até fevereiro de 1649 – 06 anos – reuniu-se em uma das salas da Abadia de Westminster, na cidade de Londres, o Concílio conhecido na história pelo nome de ASSEMBLÉIA DE WESTMINSTER.
Os teólogos mais eruditos daquela época tomaram parte nos trabalhos da assembleia. A Confissão de Fé e os Catecismos foram discutidos ponto por ponto, aproveitando-se o que havia de melhor nas Confissões já formuladas. A Confissão de Fé de Westminster apresenta um pequeno sistema de teologia. Esse sistema é conhecido pelo nome de Calvinismo, por ser o que João Calvino ensinou, e foi aceito pelas Igrejas Reformadas. Esta Confissão tem como objetivo estreitar as relações entre os Presbiterianos de todo o mundo e, ela dá a certeza do que os Pastores e Presbíteros creem e vão pregar em suas igrejas.
A CONSTITUIÇÃO DA IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL, logo no seu Capítulo e Artigo de abertura, diz:
“A Igreja Presbiteriana do Brasil é uma federação de Igrejas locais, que ADOTA como REGRA DE FÉ E PRÁTICA as ESCRITURAS SAGRADAS do Antigo e Novo Testamento e como SISTEMA EXPOSITIVO DE DOUTRINA E PRÁTICA A SUA CONFISSÃO DE FÉ E OS CATECISMOS MAIOR E BREVE...”.
O Artigo 119, parágrafo único que trata da CANDIDATURA E LICENCIATURA PARA O SAGRADO MINISTÉRIO, diz:
“Poderá o Presbitério dispensar o candidato do exame das matérias do curso teológico; NÃO o dispensará NUNCA do relativo à experiência religiosa, opiniões teológicas e CONHECIMENTO dos Símbolos de Fé, EXIGINDO a ACEITAÇÃO INTEGRAL dos últimos”.
O Capítulo XII, Artigo 28 que trata da ORDENAÇÃO E INSTALAÇÃO DE PRESBÍTEROS E DIÁCONOS, diz:
“Os Presbíteros e diáconos ASSUMIRÃO compromisso na REAFIRMAÇÃO de sua crença nas SAGRADAS ESCRITURAS como a Palavra de Deus e na LEALDADE à CONFISSÃO DE FÉ, aos CATECISMOS e à CONSTITUIÇÃO da Igreja Presbiteriana do Brasil”.
O Capítulo XIV, Artigo 33, que versa sobre ORDENAÇÃO DE MINISTROS, diz:
“O novo ministro, por ocasião da cerimônia de ordenação, REAFIRMARÁ sua crença nas ESCRITURAS SAGRADAS como a Palavra de Deus, bem como a sua LEALDADE à CONFISSÃO DE FÉ, aos CATECISMOS e à Constituição da Igreja Presbiteriana do Brasil...”.
É dever de todo oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil, observar estes fatos, sob pena de censura. Infelizmente, nossa Igreja está em crise doutrinária e litúrgica porque muitos Pastores e Presbíteros abandonaram seus Símbolos de Fé. Que Deus se agrade em trazer estes oficiais de volta às doutrinas tão maravilhosas que temos nos nossos padrões de doutrina. Que os oficiais desta igreja em particular amem nossos Símbolos de Fé, e que os ensine aos seus membros: crianças, adolescentes, jovens e adultos, e, então, teremos uma igreja forte. Deus colocou os oficiais na sua Igreja, especialmente os pastores, com um grande objetivo. Qual é? Doutrinar a Igreja e os símbolos de fé fornecem grande material de doutrina à ser ensinada (Efésios 4.11-14).

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Sobre o autor:
O Pr. Daniel Carneiro da Silva é ministro da IPB. É professor de Teologia Sistemática, Teologia Contemporânea, Religião e Sociedade Pós-Moderna e Símbolos de Fé no Seminário Presbiteriano do Norte (SPN), em Recife. É Mestre em Teologia e Pós-Graduado em Teologia Exegética no Seminário Presbiteriano do Norte (SPN).

Fonte:eleitosdedeus.org

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