George Müller, nascido na Alemanha em 1805, tornou-se um cristão aos
20 anos de idade, após anos de turbulenta e rebelde adolescência. Ele
tinha interesse em alcançar judeus e viajou a Londres para juntar-se à
Sociedade Judaica de Missões. Lá ouviu sobre um rico dentista chamado
Anthony Norris Groves que havia abandonado seu ofício para ir à Pérsia
como missionário, dependendo de Deus para atender as suas necessidades.
Durante um breve descanso em 1829, no ocidente da Inglaterra, Müller
encontrou e iniciou uma amizade para a vida toda com Henry Craik, que
tinha sido tutor de Groves. Müller e Craik foram usados por Deus para
fundar instituições, igrejas e associações que causaram impacto a
centenas de milhares de pessoas ao redor do mundo.
No ocidente da Inglaterra, Müller também encontrou-se casou-se com
Mary Groves, uma irmã de Antony Norris Groves. Nessa ocasião, George
havia abraçado totalmente os princípios da igreja seguidos pelos
primeiros Irmãos. Ele foi além da maioria deles em sua política quanto
ao dinheiro. Por exemplo: ele não aceitava ofertas quando saia para
pregar, temendo dar a impressão que pregava por dinheiro. Quando ele
rejeitava as ofertas, as pessoas algumas vezes queriam pô-las a força
dentro do seu bolso, então ele fugia. Um homem "lutou" com Müller até
que ele aceitasse o dinheiro que o mesmo queria lhe dar!
Durante seus primeiros anos, Müller começou a desenvolver convicções
sobre oração e fé, que proporcionaram a base para poderosas
demonstrações da provisão de Deus. Além de pedir a Deus por comida e
fundos pessoais, ele frequentemente orava com crentes enfermos até
ficarem curados. Um biógrafo observa que “quase sempre suas orações eram
respondidas, mas em algumas ocasiões não eram”. Nesses casos, Müller
continuava orando sobre estes assuntos ou pessoas, por anos.
GRANDES SONHOS, GRANDES RESULTADOS
Além de trabalhar com Henry Graik na capela Bethesda, uma moderna
igreja situada no coração de Bristol, Müller começou a sentir
preocupação pelas massas de crianças órfãs, abandonadas, que estavam em
toda parte, na Inglaterra do século 19. Em 1834, com Craik, ele fundou a
"Scriptural Knowledge Institution for Home and Abroad" - SKI
(“Instituição do Conhecimento Bíblico para a Pátria e Estrangeiro”), que
continua até hoje. Seus objetivos eram: 1) estabelecer Escolas diárias,
Escolas dominicais e Escolas para adultos onde as Escrituras fossem
ensinadas; 2) distribuir Bíblias; 3) ajudar o serviço missionário.
Durante a vida de Müller, o SKI proporcionou educação para muitos
milhares de crianças e adultos, que de outro modo não poderiam ter ido à
escola. Distribuiu milhares de Novos Testamentos, Bíblias e folhetos
evangelísticos a preços reduzidos, em muitas línguas. Enviou o
equivalente moderno de muitos milhões de dólares para missionários
nacionais e estrangeiros. Durante um período de dois anos, Müller quase
sustentou sozinho Hudson Taylor e 30 de seus colegas missionários na
China.
CUIDADO COM CRIANÇAS
As maiores obras pelas quais Müller é lembrado – e deve ser guardado
na memória que ele foi também um líder de igreja por excelência – são os
orfanatos. Nestes, e em todo o seu trabalho, Mary Groves Müller
manteve-se firme ao seu lado.
Milhares de pais morreram na epidemia de cólera de 1834. Os poucos
medicamentos e conhecimentos médicos precários, condições sociais ruins e
leis trabalhistas infames multiplicavam os órfãos. Essas crianças
infelizes tentavam sobreviver nas ruas, ou eram obrigadas a submeter-se
às péssimas condições das oficinas de trabalho. Charles Dickens disse
que os órfãos eram "desprezados por todos e ninguém se compadecia
deles". As casas para órfãos do Estado eram poucas e quase não existiam
as particulares. Todas elas serviam apenas às crianças das famílias de
classes mais altas. Pobreza, crime e prostituição aguardavam o resto.
Muitos fatores convergentes levaram Müller a começar um orfanato:
- Ele estava genuinamente preocupado com os órfãos de Bristol;
- Ele estava cansado de ouvir homens de negócios e operários dizerem que a necessidade financeira e a competição os proibiam de colocar Deus e Seus assuntos em primeiro lugar em suas vidas;
- Ele queria provar que Deus responde às orações e colocar "diante do mundo uma prova de que Deus de modo nenhum mudou. Isto me parecia feito melhor pelo estabelecimento de um orfanato. Devia ser algo que pudesse ser visto ainda que pelos olhos naturais".
Em 1835, Müller colocou o seu plano diante da igreja de Bethesda.
Imediatamente a congregação se uniu para sustentar o empreendimento.
Móveis, utensílios, roupas e fundos chegaram. Dali em diante, Bethesda e
seu círculo crescente de igrejas permaneceram inteiramente com Müller
no cuidado dos órfãos. No começo, eles costumavam alugar casas para as
crianças. Muitos crentes de Bethesda trabalhavam por tempo parcial ou
integral nos orfanatos. Conheciam os detalhes particulares e as
necessidades diárias ligadas a um tão grande projeto.
Eles também compreendiam a convicção de Müller em não solicitar
fundos – ele queria provar que Deus responderia às orações dos crentes.
Müller escreveu: "eu não digo que estaria agindo contra os preceitos do
Senhor se procurasse ajuda em Sua obra através de pedido pessoal e
individual [apelos] aos crentes, mas eu faço assim para o benefício da
igreja em geral". Ele era totalmente contrário, todavia, à possibilidade
de que algum cristão fizesse apelos financeiros aos descrentes.
DESENVOLVIMENTO DO ORFANATO
Em 1836, Müller abriu a primeira casa, quando ainda não tinha 30 anos
de idade. A comida para os órfãos chegava muitas vezes minutos antes da
hora de ser servida, embora as crianças nunca soubessem disso. Mais e
mais crianças suplicavam a Müller para recebê-las e ele alugava mais
casas. Mas essas logo abarrotavam, por isso, em oração e conversa com os
cristãos de Bristol, ele decidiu construir um grande e moderno edifício
para os órfãos. Este projeto começou em 1845, exatamente quando a
tempestade da divisão entre os Irmãos estava se formando em Plymouth. Em
1848, mesmo enquanto Darby estava atacando Müller, o primeiro dos
imensos orfanatos estava quase completo. E enquanto a carta de Darby
excomungando toda assembleia de Bethesda estava circulando pela
Inglaterra e ao redor do mundo, o telhado foi estendido. Enquanto a
divisão progredia e os antigos amigos se voltavam contra ele, Müller
continuava esperando em Deus por fundos e provisões.
Em 1870, depois de profundas e repetidas provas de fé, a última das
cinco magníficas casas de pedra, para 2.000 órfãos, foi levantada
exatamente fora de Bristol, em Ashley Down. Müller maravilhou-se com o
que Deus tinha feito naqueles 34 anos, em resposta à fé e à oração. Além
de providenciar comida e roupas para muitos milhares de órfãos, ele
tinha a responsabilidade de levantar o "ordenado" mensal [salário] para
mais de 100 empregados.
As garotas órfãs eram treinadas como empregadas e costureiras,
enquanto os rapazes aprendiam vários ofícios. A cada órfão era
assegurado um emprego antes de deixar as casas, ou Müller pagava o
salário de aprendiz deles ao patrão que os ensinaria uma profissão. Cada
órfão saía com um jogo completo de roupas.
Um homem que vivia próximo dos orfanatos disse que "sempre que ele
sentia dúvidas sobre o Deus Vivo, vindo a sua mente, ele se levantava e
olhava através da noite para as muitas janelas acesas em Ashley Down,
brilhando na escuridão como estrelas no céu". Havia um imposto sobre
janelas grandes quando Müller construiu os orfanatos, mas ele disse:
"nós confiaremos em Deus para o dinheiro do imposto – deixem as crianças
ter luz e ar!".
Pessoas por todo o oeste da Inglaterra e ao redor do mundo ficavam
sabendo sobre os orfanatos. Também reconheciam o poder e a provisão de
Deus que, se tornavam acessíveis em resposta às orações fiéis de Müller e
seus amigos.
Tarde na vida, Müller, que falava sete línguas, viajou para 42 países
em "viagens missionárias" e pregou o Evangelho para multidões de
milhares. Seu alvo nessas viagens era, de acordo com o propósito de
Antony Norris Groves, e dos Irmãos do início, quebrar as barreiras
denominacionais e promover o amor fraternal entre os verdadeiros
cristãos. Em três ocasiões visitou os Estados Unidos e Canadá, pregando
centenas de vezes e, em quase todas, pessoas vieram a Cristo.
Em 1878, Müller foi convidado para ir à Casa Branca, a fim de falar
sobre os orfanatos ao presidente Rutherford B. Hayes. Provavelmente não
contou ao presidente Hayes que foi enquanto John Nelson Darby estava
tentando virar pessoas contra ele, Deus proveu os fundos para as grandes
casas de órfãos.
MÜLLER E O DINHEIRO
Müller criou um regulamento fixo em que nem ele nem seus auxiliares
jamais deveriam pedir a qualquer indivíduo qualquer coisa em particular,
para "que a mão do Senhor pudesse ser claramente vista". Mas ele pedia
ao Senhor que movesse pessoas para ofertar. Uma vez, quando um homem fez
um grande donativo, Müller, muito satisfeito, visitou-o para agradecer;
então mostrou ao homem a anotação em seu diário quando, meses antes,
começou a rogar a Deus que aquele homem pudesse dar aquela quantia
específica!
O historiador Roy Coad observa, todavia, que "a lenda popular" tem
escondido um tanto da natureza prática de Müller. "A lenda enfatiza um
lado da moeda: a intensidade da confiança de Müller. Muitas vezes o
outro lado tem sido esquecido – que os fundos para suprir a necessidade
vieram de homens e mulheres que eram co-participantes com Müller de sua
fé em Deus”.
Müller havia atraído a igreja de Bethesda para dentro dos seus planos
do orfanato desde o início. Ele usava vários sistemas de relatórios
para mantê-la informada, e os outros também, do que acontecia:
1) Todo mês de dezembro, por três noites, Müller presidia reuniões
públicas para informar as igrejas de Bristol e o público a respeito do
ano que se havia passado.
2) Todos os anos, ele escrevia e publicava um "Relatório Anual" com
detalhes financeiros e notas sobre eventos importantes do ano se havia
passado e alguma ideia do que esperava dos anos vindouros. Estes eram
dados ou vendidos a pessoas interessadas e circulavam ao redor do mundo.
3) Em 1837, Müller soltou a primeira edição de A Narrative of Some of
the Lord’s Dealings with George Müller (Uma Narrativa de alguns dos
procedimentos do Senhor para com George Müller), um livro
consideravelmente grande, de seleções de seu diário que graficamente
descrevia como o Senhor repetidamente providenciava ajuda para os órfãos
através de diferentes pessoas. Esta narrativa era regularmente
atualizada e aparecia em intervalos de cinco anos, até tornar-se uma
coleção de quatro volumes. Muitas pessoas enviavam donativos anexos a
suas cartas nas quais diziam a Müller que sabiam de sua necessidade pela
leitura dos “Relatórios Anuais da Narrativa”.
4) Depois que Müller contou aos amigos seu plano de construir as
grandes casas para órfãos, em Ashey Down, eles espalharam a notícia
através da Inglaterra. Müller notou isso. Mas não parecia preocupado com
o fato de que muitos milhares de pessoas soubessem do que ele estava
pedindo a Deus para fazer. Ele acreditava que qualquer que fosse o meio,
é Deus quem motiva as pessoas para ofertar. (De 1882 em diante, o
rendimento de Müller diminuiu e ele teve que reduzir muito a SKI e os
programas do orfanato. Durante o mesmo período, todavia, o governo
Inglês começou a providenciar um melhor cuidado para os órfãos).
Uma vez, Charles Dickens apareceu em Ashley Down para "investigar" o
que Müller estava fazendo a estes órfãos. Müller deu as chaves para
Dickens e mandou um assistente mostrar-lhe qualquer coisa que quisesse
ver. Depois da investigação, Dickens disse a Müller que acreditava que
os órfãos estavam sendo muito bem cuidados.
SUA IDA AO LAR
George Müller morreu na manhã de 10 de março de 1898, aos 92 anos.
Ele participou ativamente, enquanto viveu, em Bethesda e nos orfanatos
até o dia anterior da sua morte. Milhares de pessoas lotavam as ruas
para ver o cortejo funeral do imigrante alemão que, segundo o jornal The
Bristol Mercury, foi "a maior personalidade que Bristol conheceu como
cidadão nesta geração". Sete mil pessoas lotaram o cemitério para ver o
sepultamento.
O Bristol Evening News escreveu que "na era do agnosticismo e
materialismo, ele pôs em prática teorias sobre as quais muitos homens
estavam contentes em sustentar uma controvérsia inútil".
O Liverpool Mercury maravilhou-se por causa da provisão para milhares
de crianças e perguntou como isto aconteceu. "Müller disse ao mundo que
foi o resultado de Oração. O racionalismo de hoje zombará desta
declaração. Mas os fatos permanecem, e permanecem para serem explicados.
Não seria científico desdenhar das ocorrências históricas quando elas
são difíceis de esclarecer. E seria necessário muito truque para fazer
os orfanatos em Ashley Down sumir da vista".
De sua parte, Müller já havia escrito: "eu sei que belo, gracioso e
generoso ser Deus é pela revelação que Ele se agradou em fazer de Si
mesmo na Sua santa Palavra. Eu acredito nesta revelação. Também sei por
minha própria experiência da veracidade disso. Portanto, eu estava
satisfeito com Deus. Me regozijava em Deus. E o resultado é que Ele
realizou o desejo do meu coração".
George Müller acreditava que Deus faz o mesmo por qualquer um que O busque!
FONTE: verdade-viva.net
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