domingo, 20 de maio de 2012

A Igreja na Europa, Hoje



Descrever a situação da Igreja européia é difícil, porque há imensas diferenças entre as muitas igrejas nacionais. A escala delas passa de atitudes de uma Igreja fechada, de um lado, até à situação de Igrejas como a aquela da Holanda, cujo povo, em geral, mantém uma atitude muito crítica e muito emancipada frente a tudo aquilo que se apresenta como diretriz oficial. Entre estes dois extremos, há um pouco de tudo.

Categorias que se destacam

Os católicos podem ser divididos em várias categorias. O exemplo da Suíça, neste sentido, é muito significativo e tem um certo caráter de modelo para a situação geral. A mais recente pesquisa, publicada em 2005, revelou que entre os católicos, há 11% de a-religiosos e outros 27 % que têm religião, mas que não querem saber mais nada da Igreja. Além deles, existe um contingente de mais ou menos 30 % de católicos que constroem a sua religião emprestando elementos de outras religiões. Há também 20% de neo-religiosos, ligados a idéias esotéricas e a Nova Era. E finalmente, há ainda em torno de 12 % de assim chamados cristãos exclusivos. A religião deles é marcada pela fidelidade total à Igreja.

Situação de gueto

Em geral, podemos dizer que, na maioria dos países, se formou em escala variável, uma situação de gueto para a Igreja. Grande parte das pessoas é católica, mas mantém uma distância mais ou menos grande de tudo aquilo que se chama Igreja oficial ou institucional. Esta Igreja, como conseqüência, vive progressivamente uma vida centrada em si mesma.

Ela desenvolve as suas atividades e oferece os seus serviços, mas uma porcentagem cada vez maior das pessoas e, sobretudo de jovens, simplesmente a ignora. Visto de fora, a Igreja se apresenta assim como sistema fechado que segue o seu próprio caminho, enquanto que, em torno dela, a vida pública se realiza sem a Igreja, e a vivência da religião se faz no campo privado. Aquela naturalidade, com a qual o nosso povo latino-americano vive a sua fé e fala de Deus, não se encontra.

Em vez disso, há grande contingente de pessoas que ainda freqüentam os templos, para os quais, a Igreja assumiu de certa maneira o papel de um Instituto de serviços públicos. Estes serviços, eles exigem em alta voz e reclamam, quando grupos mais avançados querem mudar antigas formas ou tradições. Além disso, a grande maioria dos ainda integrantes da Igreja desenvolve muito pouco a convicção de eles mesmos serem Igreja ou Povo de Deus, sentem-se mais como consumidores que têm o direito de usufruir dos serviços dela. Conseqüentemente, também há poucas vocações.

Desafio: formar cristãos conscientes e Engajados

A consciência de que ser cristão e católico por natureza significa um engajamento prático e concreto na transformação da sociedade, não se encontra na grande maioria dos católicos. Em vez disso, a fé gira em torno do próprio bem estar espiritual, mantendo uma religiosidade muito individualista e concentrada na salvação da sua alma. A Igreja, todavia, do ponto de vista de fora, se apresenta de maneira bem estruturada. Os bispos se esforçam em manter as estruturas institucionais, mas são exatamente estas estruturas que cada vez mais católicos querem mudar.


A arte dos templos testemunham a fé secular da Europa

Nos muitos e bem intencionados esforços para reconquistar o lugar da Igreja na sociedade, existe uma forte tendência de recorrer às fórmulas tradicionais. Essas fórmulas tem para muitos asua importância, pois dão amparo religioso. De outro lado, a hesitação diante de propostas inovadoras produz grande resignação na maioria daqueles que querem mudanças.

Para fora, os serviços se fazem, os ritos estão sendo celebrados e os sinos ainda tocam, mas, em tudo isso, falta em muitos cristãos aquela convicção irradiante de ter na mão a resposta aos anseios da nossa época. Conseqüentemente, há grande consternação, quando, de outro lado, estes cristãos estão sendo confrontados com o Islamismo, uma religião na qual a consciência de ser fermento para a transformação da sociedade se manifesta com força cada vez maior.

No confronto com os muçulmanos, muitos cristãos e cristãs descobrem com grande susto aquilo que eles mesmos esqueceram:

Que a religião é força transformadora e ativa dentro da sociedade.

Fortes pontos de luz

Todavia, neste quadro geral, há também os seus fortes pontos de luz.

As pessoas e, sobretudo muitos jovens, buscam novamente respostas religiosas. É uma busca em parte ainda sem rumo, mas ela existe, e com isso se abrem para a Igreja novas possibilidades para transmitir a sua mensagem. Só que, em muitos casos, os representantes desta Igreja se deixam seduzir pela tentação de reativar e até intensificar as formas tradicionais e as atitudes religiosas individualistas, em vez de abrir corajosamente os caminhos rumo a novos horizontes. O resultado é que, depois de um certo entusiasmo inicial, parte considerável daqueles que primeiro se deixaram envolver, vão embora,decepcionados.


Roma, a capital do Cristianismo, acolhe os fiéis do mundo inteiro
Grandes eventos religiosos evaporam e logo estão sendo encobertos por outros eventos, mais grandiosos ainda, e que, apesar disso, não têm efeito duradouro. Mas, independente de tais fatos, permanecem os fortes sinais de esperança. Numerosos são os grupos que não decepcionam. Existem muitas comunidades pequenas que tentam viver uma outra maneira de ser Igreja. Há tentativas que, por parte, se inspiram nas experiências feitas na América Latina ou buscam outros e novos caminhos. E em tudo isso, há muita boa vontade.

São inúmeros os católicos que de um lado desenvolveram uma atitude crítica diante das antigas estruturas do poder religioso institucional, mas que, de outro lado, se compreendem fielmente como católicos. Eles e elas se manifestam, agem a partir de sua fé em ações e movimentos, exigindo mudanças das antigas estruturas e vivendo a sua fé de maneira prática e concreta. Nestes Grupos, a consciência de ter responsabilidade social é muito acentuada.

As novas tentativas, no entanto, ainda encontram pouco sustento por parte da Igreja oficial. Os representantes de um tradicionalismo religioso e institucional tentam, numa atitude defensiva, construir barragens e muros. Mas, a pressão cresce em todo lugar, independente das tentativas de a ignorar ou sufocar. Há assim uma segunda camada da Igreja que vive uma vida subterrânea, mas muito ativa. Os ramos do Reino de Deus estão se espalhando de maneira escondida como numa situação de catacumbas. Como a Igreja verdadeira sempre encontrou as suas raízes e a sua vitalidade nas catacumbas, há exatamente nisso a grande esperança de uma nova primavera.


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