Ele podia ter desistido. Ninguém saberia o
contrário. Jesus podia ter desistido.
Uma olhada no útero podia tê-lo desencorajado. Deus é desenfreado
como o ar e ilimitado como o céu. Ele diminuiria seu mundo para o ventre
de uma moça por nove meses?
Ele podia ter desistido. Se não, Ele podia ter pelo menos parado
repentinamente. Ele teria que se tornar humano? Que tal ser luz? É uma
idéia. O céu podia abrir, e Cristo podia cair na Terra em forma de uma
luz branca. E então na luz podia ter uma voz, uma voz como um estrondo,
um trovão, de bater os dentes. Agitada em uma rajada de vento e os anjos
como acompanhamento, e o mundo inteiro é avisado.
E a estrebaria? Não é outra razão para Cristo desistir? As
estrebarias são fedidas, sujas. Como eles irão cortar o cordão
umbilical? E quem vai cortá-lo? José? Um carpinteiro insignificante de
uma cidade pequena? Não existe um pai melhor para Deus? Alguém com
educação, uma linhagem. Alguém com um pouco de influência? Esse sujeito
não pôde nem arrumar um quarto de hotel. Você acha que ele tem o
necessário para ser o pai do Criador do Universo?
Jesus podia ter desistido. Imagine a mudança que teria que fazer, a
distância que teria que percorrer. O que seria tornar-se humano?
Essa pergunta veio à tona enquanto eu jogava golfe recentemente.
Enquanto esperava minha vez de dar a tacada, agachei para limpar minha
bola e notei uma montanha de formigas ao lado dela. Devia ter dúzias
delas, umas em cima das outras. Uma pirâmide em movimento com pelo menos
1 cm de altura.
Não sei o que você pensa quando vê formigas em um gramado enquanto
espera para jogar. Mas isso é o que pensei. Por que vocês estão todas
juntas? Vocês têm todo o gramado. Ora, o campo de golfe inteiro é de
vocês para poderem se espalhar. Então me ocorreu. Estas formigas estão
nervosas. Quem podia culpá-las? Elas vivem sob uma constante chuva de
meteoros. De poucos em poucos minutos eles vêm colidindo com seu mundo.
Bam! Bam! Bam! Exatamente quando as bombas param, os gigantes chegam. Se
você sobreviver aos seus pés e tacos, eles jogam um meteoro em você.
Campo de golfe não é lugar para uma formiga.
Então eu tentei ajudá-las. Inclinando onde elas podiam me ouvir,
convidei, “Venham, sigam-me. Nós vamos encontrar um lugar legal.”
Nenhuma olhou em minha direção. “Ei, formigas!” Ainda nenhuma resposta.
Então percebi, não falo a língua delas. Não falo formiguês. Muito
fluente em Inglês, mas não falo formiguês.
Então o que podia fazer para influenciá-las? Apenas uma coisa.
Precisava me tornar uma formiga. Ir de 1,83 m para bem pequenininho. De
mais de 70 kg para 3 g. Trocar meu mundo grande pelo mundo pequeno
delas. Abandonar hambúrgueres e começar a comer capim. “Não, obrigado”,
eu disse. Além do mais, era minha vez de jogar.
O amor vai até o fim… e Cristo saiu da eternidade ilimitada para ser
limitado pelo tempo para tornar-se um de nós. Ele não precisava. Ele
podia ter desistido. Em qualquer fase ao longo do caminho ele podia ter
abandonado.
Quando Ele viu o tamanho do útero, podia ter parado.
Quando viu quanto sua mão iria ser pequena, quão suave sua voz iria
ser, quão faminta sua barriga iria estar, podia ter parado. No primeiro
cheiro da fedida estrebaria, na primeira rajada de vento frio. Na
primeira vez que arranhou seu joelho ou assoou seu nariz ou comeu pão
queimado, podia ter virado e ido embora.
Quando viu o chão sujo da sua casa em Nazaré. Quando José deu um
trabalho para fazer. Quando seus companheiros de escola dormiam durante a
leitura do Torá, o seu Torá. Quando o vizinho tomou seu nome em vão.
Quando o fazendeiro preguiçoso culpou Deus por causa da sua colheita
pobre. Em qualquer momento Jesus podia ter dito: “É isso! Já chega!
Estou indo pra casa.” Mas Ele não fez isso.
Ele não fez, porque Ele é amor. E “o amor… tudo suporta” (I
Cor.13:4-7).
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