sexta-feira, 1 de outubro de 2010

O FERREIRO

Certa vez um ferreiro, após uma juventude cheia de excessos, resolveu entregar sua alma a Deus. Durante muitos anos trabalhou com afinco, praticou a caridade, mas, apesar de toda sua dedicação, nada parecia dar certo em sua vida. Muito pelo contrário, seus problemas e dívidas acumulavam-se cada vez mais.

Uma bela tarde, um amigo que o visitara e se compadecera de sua situação difícil comentou: “É realmente estranho que, justamente depois que você resolveu se tornar um homem temente a Deus, sua vida começou a piorar. Eu não desejo enfraquecer sua fé, mas apesar de toda a sua crença no mundo espiritual, nada tem melhorado.”

O ferreiro não respondeu imediatamente. Ele já havia pensado nisso muitas vezes, sem entender o que acontecia em sua vida. Entretanto, como não queria deixar o amigo sem resposta, começou a falar e terminou encontrando a explicação que procurava. Eis o que disse o ferreiro:

— Nesta oficina eu recebo o aço ainda não trabalhado e preciso transformá-lo em espadas.

Você sabe como isto é feito?

— Primeiro eu aqueço a chapa de aço num calor infernal, até que ela fique vermelha. Em seguida, sem qualquer piedade, com o martelo mais pesado aplico golpes até que a peça adquira a forma desejada. Logo depois, a peça de aço é mergulhada num balde de água fria e a oficina inteira se enche com o barulho do vapor, enquanto a peça estala e grita devido à súbita mudança de temperatura. Preciso repetir esse processo até conseguir a espada perfeita: uma vez apenas não é suficiente.

O ferreiro fez uma longa pausa, e continuou:

— Às vezes, o aço que chega até minhas mãos não consegue aguentar esse tratamento. O calor, as marteladas e a água fria terminam por enchê-lo de rachaduras, e sei que jamais se transformará numa boa lâmina de espada. Então, simplesmente o coloco no monte de ferro-velho que você viu na entrada de minha ferraria.

Após mais uma pausa o ferreiro concluiu:

— Sei que Deus está me colocando no fogo das aflições, e aceito as marteladas que a vida me dá, mas às vezes sinto-me tão frio e insensível como a água que faz o aço sofrer. Mas a única coisa que peço é: “Meu Deus, não desista, até que eu consiga tomar a forma que o Senhor espera de mim. Molde-me da maneira que achar melhor, pelo tempo que o Senhor quiser, mas jamais me coloque no monte de ferro-velho das almas.”
AUTOR DESCONHECIDO - FONTE:WWW.MINISTERIOSRBC.COM

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